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tragicomédia cotidiana

 

 

       Os circos tradicionais de pequeno e médio porte resistem bravamente. Competem com outras formas mais modernas e atraentes de entretenimento e recentemente, tiveram de se readaptar à proibição da exploração de animais nos espetáculos. As pessoas estão perdendo o hábito de ir ao circo. Ao início de cada noite, é certo o número de cadeiras que permanecerão frias durante a apresentação. Mesmo assim, a paixão pela vida itinerante e pela tradição, fala mais alto. O Show deve continuar e trupe não perdeu seu encanto (ao menos enquanto os holofotes permanecerem acesos).

 

    O projeto Tragicomédia Cotidiana visa documentar a realidade dos poucos circos que conseguem sobreviver até hoje. Com relativamente poucos integrantes, os mesmos artistas que animam a plateia, vão para trás das barraquinhas de comida durante o intervalo e trocam de função. Cachorros, que vão sendo adotados pelas cidades por onde passam, às vezes invadem o palco durante as apresentações e também divertem a plateia. As crianças mudam de escola a cada vez que recolhem as tendas e vão de um lugar para outro tentando se adaptarem ao novo ambiente. Cada chuva é temida, pois a lona estrelada de furos e com muitos remendos é frágil. Mesmo assim, a magia de cores, trapalhadas, destrezas e gargalhadas compõem um ambiente festivo que, há anos, alegra adultos e crianças.

 

       A dualidade é sempre presente nesse tema: risos e lágrimas fazem parte da história de famílias apaixonadas pelo que fazem. Vidas em más condições, com todas as esperanças depositadas nos ingressos de cada noite, na venda de algodão doce e de amendoim. Resistência heroica. Sofrimento. Mas tudo isso é esquecido quando começa o espetáculo.

 

    

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